domingo, 9 de agosto de 2009

Fazia muito tempo que eu não o via. Olhou-me como quem olha qualquer pessoa. Não acenou. Não deu nenhum sorriso. Logo aquele sorriso que eu adorava. Foi falar com seus tais velhos amigos, dos quais também nunca faziam questão em me ver. Saí. Acendi um cigarro. Fumar sempre ajuda nessas velhas horas, desses velhos lugares. Lembrei dos velhos anos e da melancolia. Fiquei ali, quieta, fumando. Quando já estava me acostumando ele se aproximou com um oi seco de quem só está ali pelo cigarro. Olhei. Fiz como que entendesse que aquele era o meu último.Ele sorriu. Disse que só queria saber como eu estava. Disse que estava bem – e o silêncio veio. “Você ainda continua como antes, séria.” “Sim”. Lembrei que quando ele falava isso eu sempre concedia um sorriso, daqueles quase inconscientes. Ele lembrou disso. Olhou-me mais fundo esperando. Troquei o assunto. Perguntei como estava sua vida. Disse que bem e sentindo a minha falta. “Mas foi você quem escolheu sumir, lembra? Sumir sem dizer nada.” “Sim.” A falta é algo que acontece todo dia, pelo menos em um segundo desse dia, por quem fez parte de um sentimento. “Eu pensava que você iria se render a mim assim, entende?” “Não, Você e suas tolices. Acostumei a vida sem você e pronto. “ Não sentiu minha falta?”“ Sim.” “Porque não me contou?” “Achei que não faria a menor diferença, faria?”“ Não.” “Então pronto, foi melhor assim.” Disse que teria um compromisso em alguns minutos e precisava sair – afinal já estava me entregando àquela saudade e despencando por dentro. Não sei quanto tempo mais agüentaria. “A gente se vê por aí.” Saindo vi que ele acendeu um cigarro e pensou. Pensou talvez na solidão causada por alguém que simplesmente dá uma desculpa e foge como ele fugiu. Lembrei que logo seus amigos iriam até ele, assim simplesmente ele esqueceria de tudo. E eu? Continuaria minha vida. Procurando forças pra me livrar do peso daquela conversa estranha. Repleta de sentimentos antigos e pesados que nunca perdem o poder ao mecher comigo. “Meu amor me desculpe, mas essa já não sou eu.”

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